WikiLeaks revelou que no início do ano de 2010, ocorreu uma votação parlamentar europeia para suspender a sua participação num programa do Governo dos EUA que secretamente monitorizava transações bancárias internacionais.
O telegrama 10BERLIN180, forneceu mais evidências sobre o programa “Terrorist Finance Tracking Program (1)”, conhecido também por (Swift) e, é visto com ceticismo pelos cidadãos europeus e seus representantes, ao considerarem ser um pretexto para os espiões americanos realizarem espionagem económica em nome das multinacionais norte americanas.
Alarmada com as violações de privacidade por parte das empresas americanas e por atos criminosos, como as transferências americanas de prisioneiros em voos da CIA auxiliadas por agências de inteligência Europeias, a opinião pública indignada, forçou os seus representantes a votaram contra e a suspenderem o programa.
O jornal “New York Times” reportou que a oposição alemã ao programa, foi “particularmente prejudicial, “porque o país estava entre um grupo de aliados que, de acordo com um telegrama de 2006, tinham formado uma “coligação” organizada para garantir que a operação não fosse ‘arruinada por especialistas em privacidade’.”
O “Terrorist Finance Tracking foi lançado logo após o 11 de Setembro pela administração Bush. Forneceu acessos sem precedentes a funcionários americanos, a informações financeiras globais relativas a transações bancárias roteadas através de uma grande base de dados administrada pelo consórcio Swift em Bruxelas.
O acesso a estes dados exclusivos seriam particularmente úteis para as empresas americanas. Com base nas evidências publicadas num relatório de 2001 do Parlamento Europeu, o programa ECHELON da Agência de Segurança Nacional americana, foi uma embuste para encobrir espionagem económica.
Funcionários da CIA e do Departamento do Tesouro, secretamente acederam a registos referentes a cerca de $6 triliões de dólares americanos, em transações financeiras diárias que fluíram através de bancos globais e de corretagem imobiliárias.
O ACLU, “Reguladores da União Europeia,” reportou que “a operação não estava legalmente autorizada, foi realizada sem analisar os pós e contras, que tinha violado várias regras importantes estabelecidas para proteger a privacidade dos europeus” e “que a empresa Booz Allen Hamilton tinha sido contratada para “supervisionar” o programa pelo governo federal.
Manobras
O embaixador dos Estados Unidos em Berlim, Philip Murphy, refere no telegrama que “Merkel está particularmente irritada com os deputados alemães dos partidos da CDU e CSU, por declaradamente votaram contra o acordo, apesar de anteriormente terem indicando que iriam apoiá-la”.
O mesmo telegrama afirma também que as “reações públicas alemãs” à votação no Parlamento Europeu “têm origem exclusive em dissidentes do programa TFTP (Terrorist Finance Tracking Program), que retrataram o seu veto contra como um sinal de que o Parlamento Europeu ganhou uma vitória contra a arrogante Comissão/Conselho, bem como fornecerem uma repreensão às políticas do contra terrorismo americanas que menosprezam a privacidade dos dados“.
A Ministra Ferderal Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, membro da coligação de Merkel foi ridicularizada por Murphy como “uma forte defensora dos direitos de privacidade de dados,” e que na abertura da votação disse “’os cidadãos Europeus ganharam uma vitória hoje que reforçou não só a proteção de dados, mas a democracia Europeia”. Analisando friamente a atitude da Ministra, será certo deduzir que a Europa não confia nos seus aliados americanos. Será?
Murphy recomendou que os Estados Unidos intensificassem a máquina de desinformação um decibel ou dois.
Continuando o seu relatório, o embaixador escreve, “sugiro a necessidade de intensificar nosso envolvimento com interlocutores do Governo alemão, deputados do Bundestag e da Europa para se demonstrar que os Estados Unidos têm em curso fortes medidas de proteção à privacidade de dados“.
Murphy declara ainda que “em primeiro lugar, o debate não foi apenas sobre o programa TFTP. Os Alemães são inflexíveis quanto ao apoio à proteção de dados, no que diga respeito aos registos de passageiros, ao monopólio de motores de busca (Google) ou informações individuais de crédito.
Recentes escândalos com as grandes empresas, como Deutsche Telekom e a Deutsche Bahn, que ilegalmente gravaram telefonemas e arquivos de dezenas de milhares de funcionários e clientes maioritariamente alemães, alegam estarem preocupados com o uso indevido da tecnologia de dados.
A memória histórica também desempenha um papel importante, como a história sobre como a Stasi abusou de informações para destruir as pessoas e vidas, ainda circula regularmente na imprensa. A paranoia existe e incide em especial sobre as agências de inteligência americanas. Estamos espantados o quão rapidamente os rumores sobre a alegada espionagem económica americana de início foi associada ao sistema (ESTA – air passenger registration system) e depois ao programa TFTP.
1) “Terrorist Finance Tracking Program” foi um programa secreto do governo Americano com o fim de aceder à base de dados de transações financeiras (SWIFT). Este plano foi revelado pelos jornais The New York Times, The Wall Street Journal e The Los Angeles Times em Junho de 2006. Fez parte do plano (War on Terrorism) da administração Bush. Com sede na Bélgica, a SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) estabelece os standards para as transações financeiras a nível mundial. Fonte
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