Todos ouvimos falar da crise financeira de 2008 desencadeada nos Estados Unidos. Mas os ingredientes que a criaram e em que moldes, são para a grande maioria de nós, algo um pouco vago. Neste artigo, começo por referir de uma forma resumida, os tais ingredientes associados à dita crise.
crédito subprime: Um dos fatores da expansão do mercado da habitação, foi causado por um programa de empréstimos que permitia que pessoas com histórico de crédito desfavorável, tivessem acesso a empréstimos para compra de habitações. Este tipo de crédito é conhecido como crédito subprime. Esta palavra está associada à classificação do crédito do devedor.
As taxas de juros das transações subprime variam e baseiam-se num conjunto de fatores relacionados com o fator risco :
Pontos positivos das hipotecas subprime: dar acesso a empréstimos (não dados pelo crédito habitacional convencional) a pessoas com histórico de crédito desfavorável.
Pontos negativos das hipotecas subprime: maior probabilidade do devedor não conseguir ter os pagamentos em dia e a prática do uso do crédito predatório.
As taxas de juros, são superiores à prime rate estabelecida pela Reserva Federal (taxa de juros cobrada a devedores com bons históricos de crédito). Um dos créditos subprime mais comum envolve a hipoteca de taxa ajustável. Neste tipo de crédito (ARM), os pagamentos são mensais e as taxas são mais baixas nos primeiros meses. As taxa iniciais do ARM em geral valem por dois a três anos. Depois é ajustada a cada 6 ou 12 meses, podendo crescer até 50% ou superior. Os refinanciamentos são possíveis depois desse período, mas o devedor volta a pagar as taxas de custo operacional do empréstimo ao credor. Outra característica sinistra do crédito subprime, é a inclusão das penalidades por pagamento antecipado. Caso o devedor tenha condições de liquidar a sua divida mais cedo, tem como castigo, o pagamento de taxas adicionais.
histórico de crédito: Conjunto de informações históricas dos devedores: como pagam as suas contas e empréstimos, valor disponível do crédito, valor das dívidas mensais e outros tipos de informação que podem e devem auxiliar os agentes financeiros a classificar um bom ou mau pagador.
classificação do crédito: número especial de 3 dígitos que pode determinar se o cidadão norte-americano pode contrair empréstimos para comprar carro, habitação, ente outros, e qual o custo? Esse número secreto é calculado com base no histórico do crédito e informam as financeiras se podem emprestar ou não a pessoas que estão a requerer ao crédito ou a empréstimo. Também as ajudam a calcular o nível de risco que podem correr se concederem o empréstimo. O mesmo resultado final pode ser bom ao examinar o relatório do histórico do crédito real (que as financeiras geralmente fazem), mas a classificação do crédito é mais rápida e menos subjetiva. O sistema confere pontos com base nas informações do relatório de crédito. A classificação obtida é depois comparada à de outros consumidores com perfis semelhantes. À medida que a classificação de crédito aumenta, o risco deste crédito diminui. Isso significa que a taxa de juros também baixa.
Controle de fraude: Ocorre quando uma pessoa de confiança, que está numa posição responsável dentro de uma empresa, corporação ou Estado, usa os seus poderes para subverter a empresa para realizar fraudes para ganho pessoal.
«Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis”.
Mayer Amschel [Bauer] Rothschild
“Todo aquele que controla o volume de dinheiro de qualquer país é o senhor absoluto de toda a indústria e comércio e, quando percebemos que a totalidade do sistema é facilmente controlada, de uma forma ou de outra por um punhado de gente poderosa no topo, não precisaremos que nos expliquem como se originam os períodos de inflação e depressão”.
– declaração do presidente americano James Garfield em 1881- poucas semanas após proferir estas palavras foi assassinado.
“Pequeno” exemplo de controlo de fraude: Em meados de 2010, o banco Goldman Sachs foi alvo de uma investigação pelo órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos.
O processo, visou apurar se a instituição financeira e um dos seus vice-presidentes enganaram investidores. A acusação refere que o Goldman fez declarações falsas e omitiu factos sobre um produto financeiro ligado a hipotecas subprime – empréstimos imobiliários com alto risco de calote – logo no início da crise financeira nos Estados Unidos.
A SEC alega que o Goldman Sachs estruturou e comercializou produtos subprime, sem avisar os clientes que estes estariam a investir em ativos de alto risco. Paralelamente a isso, o banco oferecia um outro produto que apostava na queda desses mesmos títulos. Ou seja, a instituição oferecia um produto financeiro de risco aos seus clientes e, ao mesmo tempo, apostava na queda dele.
Derivativo: acordo (contrato) onde são estabelecidos pagamentos calculados com base no valor de uma variável (exemplo: custo de outro ativo (ex: ação). Um derivativo recebe esta denominação porque o seu preço de compra e venda deriva do preço de outro ativo, denominado objecto-ativo.
agência de rating: entidade que atribui notas classificativas a países, empresas, onde indicia a capacidade deles no pagamento das suas dívidas (o principal e os juros), no prazo estabelecido.
As mais badaladas são a Fitch, Moody’s e S&P. Nos últimos tempos, a sua credibilidade nas notações de risco tem sido posta em causa, pois ocorreram autênticos falhanços nas suas avaliações de risco.
Exemplo desta situação ocorreu aquando da crise do subprime, a crise do sector imobiliário, com as hipotecas de alto risco, em que elas fizeram avaliações elevadas e que depois verificou-se não serem verdadeiras. Hoje, os principais líderes mundiais começam a tomar medidas para regular melhor a atividade dessas agências. E a Europa, que tem sido agora o seu alvo, pensa já na criação de agências europeias.
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