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ACORDEM

Honduras – Recuperação das terras após pós-golpe militar

Produzido por Freeston Jesse.

Os agricultores pobres estão reocupar as áreas do agronegócio que apoiou o golpe militar 2009 – mas com um preço muito alto: suas vidas. Já se passaram mais de 20 meses desde o golpe militar que abalou as Honduras. Assiste-se ao já antigo conflito de terras, com a ocupação destas por agricultores pobres, os quais, frequentemente são encontrados depois mortos.

Freeston Jesse: “Em 28 de Junho de 2009, o presidente hondurenho, Manuel Zelaya, foi sequestrado pelos militares e deixado em  pijama  num aeroporto na Costa Rica. Os militares e polícia assumiram o controle das ruas para reprimirem o movimento de massas, que exigia tanto o retorno de Zelaya como das mudanças progressivas que ele estava a aplicar no país.Vinte meses depois, os militares continuam a disputa, embora esta  mais visível em Vale Aguán. Esta região tornou-se num palco de batalha entre os agricultores com pouca ou nenhuma terra conhecidos como camponeses e os latifundiários ricos apoiados pelos  militares e policiais.

O preço dos alimentos básicos duplicou desde o golpe de 2009, e os camponeses deram continuidade á  tradição de longa data: ocupação de terras improdutivas que estão nas mãos  das pessoas mais ricas do país. Um estudo recente apurou que existem cerca de 300.000 famílias  a necessitar de terra. Entretanto, a maioria das terras que são férteis na região de Aguán,  está nas mãos de três homens, apoiantes do golpe de Estado, e que estão a usar o solo mais rico das  Honduras para produzirem  óleo de palma para exportação. Na comunidade de Orica,  um dos grupos de camponeses organizou-se  logo após o golpe,  e  plantam milho e rabanete em terras que ocuparam há sete meses.

CAMPESINO: Eu costumava fazer no máximo US $ 2. 50 ou US $3 por dia. O homem rico quer os nossos pulmões e que envelhecemos  a  trabalhar para ele, para nunca prosperarmos. Nossas famílias sempre sofreram. Tivemos de recuperar o que era nosso. Muitos, depois do golpe de Estado, arrancaram a venda dos seus olhos e agora estamos na luta.Nós temos o direito à terra. Estamos a ocupar esta terra para que a possamos trabalhar.

FREESTON: O governo de Manuel Zelaya, poucas semanas antes de ser derrubado em 2009, concordou em conceder títulos de terra a alguns dos grupos campesinos na região. Em novembro de 2010, os militares ocuparam o Instituto Nacional da Reforma Agrária da região, um Ministério de governo encarregado de distribuir terras para os campesinos. Os funcionários foram obrigados a abandonar, e os militares ocuparam o edifício por dois meses. Durante o mesmo período, enquanto toda a região era militarizada, guardas de segurança de Miguel Facusse, o homem mais rico em Honduras, fizeram  uma emboscada e mataram cinco campesinos que trabalhavam terra  há mais de dez anos. Miguel Ramirez sobreviveu ao massacre, apesar de ter sido baleado no rosto com uma metralhadora de alto calibre.

MIGUEL RAMIREZ: Perdemos cinco companheiros, e sentimos muito a sua falta, vítimas de uma luta para sustentar nossas famílias. Os que assistam a este vídeo, precisam de compreender que o que está a acontecer no nosso país é uma luta dos pobres  contra monstros.

FREESTON: Facusse mais tarde admitiu na televisão nacional, que os assassinos eram na verdade seus guardas, mas colocou a culpa das mortes na reforma agrária do governo por ter dado títulos de  terrenos  aos campesinos. Mais de dois meses se passaram desde sua admissão, e não há nenhuma investigação criminal de Facusse para os assassinatos de Novembro nem para qualquer dos 14 assassinatos de campesinos. O Comité do Honduras para os direitos do homem, especificamente culpa  Facusse destes crimes.

Enquanto isso, a Câmara da indústria de Honduras recentemente premiou Facusse por e passo a citar, “seu contínuo investimento, apesar da instabilidade do país”. Numa entrevista, disse: Precisamos de trazer capital estrangeiro. Mas estes eventos do vale de Aguan, onde  estão a roubar  empresas privadas, sectores de investimento, parece ruim para  nós.

FREESTON: Para Ramirez, estes acontecimentos confirmam a sua crença de que o país necessita de uma mudança fundamental, e reconhece que a frente de resistência nacional, que se formou em resposta  ao do golpe de Estado em 2009, seja um meio para a atingir.

RAMIREZ: A resistência tem de avançar neste país. É nossa única esperança. Felizmente, o país tem despertado.

FREESTON: Em 26 de Fevereiro, a Frente Popular De Resistência Nacional teve sua primeira Assembleia verdadeiramente nacional. Participaram quinze mil delegados, representando cada um dos 298 municípios do país.  Depois,  assembleias locais como a da cidade de Saba,  foram realizadas por todo o país para eleger delegados e debater  sobre o futuro de um movimento que a maioria das pessoas simplesmente refere como a resistência. O movimento é unificado pelo seu convite à apresentação de uma nova Constituição que substitua a que foi escrita em 1982, sob a ditadura militar da uS. Também é unificado na rejeição do actual regime de Pepe Lobo, que tomou o poder em eleições realizadas sob um governo de golpe de Estado, com os militares a ocupar as ruas durante um boicote nacional por todos os que se opuseram ao golpe de Estado e com zero observação internacional. No entanto, as eleições foram reconhecidas pelos Estados Unidos, Canadá e alguns outros. E uma vez que os Estados Unidos representa pelo menos 60 por cento do comércio internacional de Honduras, seu reconhecimento por si só, foi o suficiente para  Lobo tomasse  posse. A posição dos Estados Unidos é que Lobo representa um fim da crise política. Mas como Presidente, Lobo tem favorecido os que lideraram o golpe e reprimido aqueles que se opõem a ele.

General Romeo Vasquez Velasquez é  o chefe das forças armadas que trataram  do  golpe de Estado e que reprimem o movimento que se  levantou  na resistência. Lobo elegeu Vasquez, Presidente da empresa dos telefone do país. WikiLeaks já lançou um telegrama  enviado pelo embaixador dos EUA para  Hugo Llorens, no qual Lobo estava a considerar  nomear o  General Vasquez como seu ministro da defesa, mas mudou de ideia depois do embaixador dos EUA lhe ter dito que  não seria  visto com bons olhos, internacionalmente.

Lobo elegeu Vasquez, Presidente da empresa dos telefone do país. WikiLeaks já lançou um telegrama  enviado pelo embaixador dos EUA para o departamento de Estado na sede em Washington, no qual Lobo estava a considerar  nomear o  General Vasquez como seu ministro da defesa, mas mudou de ideia depois do embaixador dos EUA lhe ter dito que não seria  olhado com bons olhos, internacionalmente.

O regime de Lobo é também defendido por  uma lei de Amnistia, que proíbe a repressão legal de Vasquez, Micheletti ou de qualquer outra pessoa  directamente envolvida no golpe. Esta impunidade para os sectores dos poderosos, é uma realidade diária após golpe nas Honduras, onde dezenas de assassinatos políticos, incluindo dez jornalistas em 2010, juntamente com detenções ilegais, sequestros, tortura e acusações de corrupção bruta, são todos deixados  impunes e em grande parte por investigar. A Assembleia Nacional da resistência começou com uma homenagem aos assassinados desde o golpe de Estado. Melissa Cardoza fez a cobertura da assembleia para a estação de rádio local, Radio Gualcho. Ela diz que os assassinatos ajudaram a unificar  grupos como os campesinos, que anteriormente lutaram sozinhos…..

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As Honduras pertencem a este Planeta? Não parece. Mais uma soberania, que de alguma forma foi manipulada pelos Estados Unidos e também esquecida e deixada à sua sorte. Que Mundo o nosso!!

2 comments on “Honduras – Recuperação das terras após pós-golpe militar

  1. maria celeste ramos
    1 de Abril de 2011

    QUE OS POBRES TENHAM, AO MENOS, TERRA PARA CULTIVAR A SUA horta E SOBREVIVÊNCIA-MC

    Gostar

  2. Pingback: Honduras – forte compromisso com a democracia | A Arte da Omissao

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This entry was posted on 1 de Abril de 2011 by in Afinal Quem é Terrorista?, Honduras and tagged , .

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