A Arte da Omissao

ACORDEM

Líbia – Um pensar em americano

Tradução do artigo de opinião de « John Perkins », sobre mais uma ofensiva já em curso – recorrendo a já conhecida bandeira da  “defesa de um povo” –  sobre mais outra nação, a Líbia, à qual o mundo assiste no camarote.

Já no Iraque, a palavra de ordem “foi” reconstruir o país. Coitados deles e coitados de nós …. O que foi construído foi a estrutura para que a corporocracia pudesse lá entrar, e enriquecer ainda mais. Promessas. Só promessas. E a história repete-se. Não há ninguém neste mundo que  puna, quem tanto destrói / mata / só para enriquecer e alimentar o seu império.

Mas os Estados Unidos não são os únicos a responsabilizar. O resto da escumalha que está na Nato e até na Europa não estão isentos de culpas nesta ofensiva. E reparem, a técnica do endividamento está também em marcha.

Nota do tradutor: links indicados dentro de « » e  realces desta cor, são da minha responsabilidade

“WASHINGTON- (Dow Jones) – O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse na quinta-feira que espera que a instituição venha a ter  um papel de relevo na reconstrução da Líbia enquanto ela emerge da actual agitação.

Zoellick realçou num painel de discussão, o papel do banco na reconstrução da França, Japão e outras nações após a II Guerra Mundial:

“Hoje reconstrução significa, (Costa do Marfim), significa sul do Sudão, significa Libéria, significa Sri Lanka e  espero que venha a significar também Líbia” disse Zoellick.

Acerca da Costa do Marfim, Zoellick disse esperar que dentro de um par de semanas o banco  avançasse  com alguns cem milhões de dólares de apoio.  De Jeffrey Sparshott, Of DOW JONES NEWSWIRES – artigo completo aqui – http://tinyurl.com/3hj8yyp )

Escutamos o porta-voz norte americano a tentar explicar porque de repente estamos novamente enredados noutra guerra no Médio Oriente. Muitos de nós questionamos as justificações oficiais. Estamos conscientes de que as verdadeiras causas do nosso envolvimento são raramente discutidas pelos media ou pelo nosso governo.

Embora muitas das racionalizações descrevam recursos, especialmente o petróleo, como sendo a razão de estarmos na Líbia, é cada vez mais crescente o número de vozes discordantes. Para a maior parte, a razão gira em torno do relacionamento financeiro da Líbia com o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI),  Bank for Internacional Settlements (BIS), e empresas multinacionais.

De acordo com o FMI, o banco Central da Líbia é 100% estatal. O FMI estima que o banco tenha cerca de 144 toneladas de ouro nos seus cofres.

É significativo que, nos meses anteriores à resolução da ONU, que autorizou os Estados Unidos e os seus aliados (França e Inglaterra – Ndt), a enviarem tropas para a Líbia, Muammar al-Qaddafidefendia abertamente  a criação de uma nova moeda que pudesse rivalizar com o dólar e o euro. Na verdade, ele pediu  às Nações Africanas e Muçulmanas que se unissem numa aliança e que criassem esta nova moeda,  o  gold dinar, a qual passaria a ser a sua principal forma de câmbio e de dinheiro. Eles venderiam petróleo e outros recursos aos  Estados Unidos e ao resto do mundo só em  gold Dinars«http://www.youtube.com/watch?v=PLJu0X14vmg –»

Os Estados Unidos, os G-8, o Banco Mundial, FMI, BIS e corporações multinacionais não olham gentilmente para os líderes que ameaçam o seu domínio sobre os mercados cambiais mundiais ou a quem parece estar a afastar-se do sistema bancário internacional que favorece a Corporocracia. Saddam Hussein (presidente da Síria -Ndt) tinha defendido políticas similares às manifestadas por Gaddafi pouco antes da América ter enviado tropas para o Iraque.

Em algumas das minhas palestras, muitas vezes acho necessário recordar às audiências, o ponto, que para mim é óbvio, mas é mal interpretado por tantos: o Banco Mundial não é realmente um Banco Mundial mas sim um banco dos Estados Unidos; na verdade, se olharmos para os executivos  do Banco Mundial e do FMI e para os votos atribuídos a cada membro do Conselho de administração, vê-se os Estados Unidos

1) controlam cerca de 16 por cento dos votos no Banco Mundial – (comparando com os de 7% do Japão, o segundo maior membro, China com 4,5%, Alemanha  com 4. 00%,  França e UK com cerca de 3,8% cada)

2) controlam quase 17% do votos no FMI (comparando com o Japão e Alemanha em cerca de 6%,  Reino Unido e França com quase 5%) e os EUA tem poder de veto sobre todas as decisões importantes. Além disso, o Presidente dos Estados Unidos nomeia o Presidente do Banco Mundial.

Assim, podemos perguntar: o que pode acontecer quando um país considerado “vampiro” ameaça colocar de rastos o sistema bancário que beneficia toda a corporocracia? O que acontece a um “império” quando não pode ser mais imperialista?

Numa definição de “Império” (no meu livro The Secret History of the American Empire) defino que  é uma nação que domina outras, impondo a sua própria moeda em  terras sob seu controle. O império mantém uma grande força militar que está pronta para proteger a moeda assim como o conjunto do sistema económico que dela depende, através da violência extrema, se necessário. Os antigos romanos fizeram isso. Assim fizeram os espanhóis e os britânicos durante os seus dias como Impérios. Agora, os Estados Unidos ou, mais precisamente, a corporocracia, está a fazer  o mesmo e está determinada em punir qualquer indivíduo que a tente impedir. Gaddafi é apenas o exemplo mais recente.

Entender a guerra contra Gaddafi como uma guerra em defesa do Império,  é outro passo no sentido de nos ajudar a perguntar se queremos continuar este caminho na construção deste Império. Ou em vez disso, queremos honrar os princípios democráticos, que nos ensinaram a acreditar serem as fundações do nosso país?

A História ensina que impérios não resistem. Eles caem por si ou são derrubados. Surgem guerras e outro império preenche o vácuo. O passado envia uma mensagem convincente. Temos de mudar. Não podemos assistir a que História se repita.

Não permitamos que este império colapse e seja substituído por outro. Em vez disso, vamos comprometer-nos a criar uma nova consciência.

Estamos no limiar. É hora de você e eu darmos um passo a seguir e sairmos do vazio escuro da exploração brutal e da ganância, e entrarmos na luz da compaixão e da cooperação.”

 Este passo não é só urgente nos Estados Unidos. É urgente em todo o  Mundo.

3 comments on “Líbia – Um pensar em americano

  1. chatice tuga
    10 de Junho de 2011
  2. chatice tuga
    11 de Junho de 2011

    Ver por favor a melhor explicação sobre a forma como as torres gémeas foram derrubadas:
    os nºs 10 a 13 de 26.
    (nº10) http://www.youtube.com/watch?v=LFgxqYI28Wc

    Gostar

  3. Pingback: Líbia – Arquivos mostram laços estreitos entre a C.I.A. e MI-6 com a Inteligência Líbia | A Arte da Omissao

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Imagem do Twitter

Está a comentar usando a sua conta Twitter Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

Informação

This entry was posted on 10 de Junho de 2011 by in John Perkins, Líbia, O Direito Internacional, O mundo visto ao microscópio and tagged , , , , .

Navegação

Categorias

Follow A Arte da Omissao on WordPress.com
%d bloggers gostam disto: