“Falando de democracia, Honduras e Presidente Obama”, por John Perkins, 5 de Agosto de 2009
Tradução do artigo publicado na Global Research
“Para a escrita do meu novo livro Hoodwinked, recentemente visitei a América Central. Todas as pessoas que contactei, estavam cientes que o golpe militar que derrubou o Presidente democraticamente eleito de Honduras, Manuel Zelaya, foi projectado por duas companhias americanas com o apoio da CIA. No início do ano 2009, as companhias Chiquita Brands International Inc. (anteriormente conhecida por United Fruit) e Dole Food, criticaram severamente , por este defender um aumento de 60% do salário mínimo nas Honduras.
As memórias nos Estados Unidos são curtas, mas não na América Central. Continuei a ouvir as pessoas a reclamarem que foi por uma questão de registo, que a companhia Chiquita (United Fruit) e a CIA derrubaram o presidente eleito democraticamente da Guatemala, Jacobo Arbenz em 1954 e que a companhia International Telephone & Telegraph (ITT) mais Henry Kissinger e a CIA, derrubaram Salvador Allende do Chile em 1973. As mesmas, também estavam certas, que o Presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, tinha sido expulso pela CIA em 2004, após ter proposto um aumento do salário mínimo, tal como Zelaya fez.
Foi-me dito por um vice-presidente de banco do Panamá:
“cada multinacional sabe que se as Honduras aumentarem a sua taxa horária, o resto da América Latina e Caribe terão que os seguir. Haiti e Honduras sempre definiram o limite inferior do salário mínimo. As grandes companhias estão determinadas a parar o que elas apelidaram de “revolta esquerdista” neste hemisfério. Ao deitarem a baixo Zelaya, estão a enviar mensagens assustadoras para todos os outros presidentes que estão a tentar elevar os padrões de vida de seus povos.”
Não foi necessário muita imaginação para vislumbrar o tumulto que iria varrer cada capital latino-americana. Tiveram um sinal colectivo de alívio, na eleição de Barack Obama nos Estados Unidos, um sentimento de esperança que o Império do norte finalmente iria expor compaixão para com os seus vizinhos do Sul, que os acordos de comércio desleais, privatizações, programas draconianos de ajustamento estrutural do FMI e ameaças de intervenção militar iriam desacelerar e talvez mesmo desaparecer. Agora este optimismo está azedo.
O estreito relacionamento entre os líderes do golpe militar nas Honduras e a Corporocracia,
DemocracyNow! Nas suas notícias, diz que Chiquita foi representada por uma poderosa firma de advocacia de Washington, Covington & Burling LLP e seu consultor, McLarty Associates (2).O procurador-geral do Presidente Obama, Eric Holder, foi sócio da Covington e defensor da Chiquita, quando esta empresa foi acusada de contratar “esquadrões de assassinos” na Colômbia (Chiquita foi considerada culpada, admitindo que tinha pago às organizações listadas pelo governo dos EUA como grupos terroristas “para sua proteção”. (3) O embaixador do George W. Bush das Nações Unidas, John Bolton, ex-advogado da Covington, fez forte oposição aos líderes latino-americanos, que lutavam pelos direitos dos seus povos à partilha dos lucros derivados dos seus recursos. Depois de deixar o governo em 2006, Bolton envolveu-se com os projetos Project for the New American Century, Council for National Policy, e com outros programas que promoviam a hegemonia corporativa nas Honduras e noutros lugares. JohnNegroponte foi embaixador dos Estados Unidos nas Honduras entre 1981-1985, Subsecretário de Estado, director de inteligência nacional e representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas; desempenhou um papel importante na guerra secreta contra o governo Sandinista da Nicarágua, opôs-se às políticas dos presidentes eleitos democraticamente e defensores das reformas latino-americanos.(4)
O jornal Los Angeles Times, refere o cerne desta questão, ao concluir:
“O que aconteceu em Honduras é um golpe de Estado latino-americano clássico: o general Romeo Vasquez, que o liderou, foi aluno da escola americana, School of the Americas (renomeada para Western Hemisphere Institute for Security Cooperation). Esta escola é mais conhecida por produzir oficiais latino-americanos que cometeram os maiores abusos em direitos humanos importantes, incluindo os golpes militares. ” (5)
Tudo isto, leva-nos mais uma vez à inevitável conclusão:temos que mudar o sistema. O Presidente – democrata ou republicano – precisa de nós para falar para fora. Chiquita, Dole e todos os seus representantes precisam de ouvir falar de nós. Zelaya deve ser reeleito.”
(1) http://www.guardian.co.uk/commentisfree/cifamerica/2009/jul/16/honduras-coup-obama-clinton
(2) http://www.democracynow.org/2009/7/21/from_arbenz_to_zelaya_chiquita_in
(3) “Chiquita admite ter pago a terroristas Colombianos” http://www.msnbc.msn.com/id/17615143/
(4) http://aconstantineblacklist.blogspot.com/2009/07/eric-holder-and-chaquita-covington.html
(5) “The high-powered hidden support for Honduras’ coup: http://articles.latimes.com/2009/jul/23/opinion/oe-weisbrot23
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