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Para marcar o lançamento da versão francesa do último livro de Peter Dale Scott, “The US War Machine”, publicamos um estudo detalhado realizado por este diplomata canadiano sobre os ataques de 11 de Setembro. Ele traz à luz, evidências da premeditação por parte de uma facção interna do complexo militar industrial dos U.S.A.
Tradução do artigo Parallel secret services
de Peter Dale Scott
Peter Dale Scott com a continuação da sua análise, mostra como os mecanismos de ligação entre as agências dos serviços secretos dos países aliados deram origem a outros serviços secretos paralelos e a operações encobertas. Este ex-diplomata canadiano revela desta forma, o método que permitiu aos conspiradores do 11 de Setembro de 2001, utilizar os meios do aparelho de Estado dos EUA sem o conhecimento dos de dentro.
Rede Voltaire | 29 de Setembro de 2012
Os Acordos de ligação com outros serviços secretos
Acredito que inicialmente al-Mihdhar e al-Hazmi terão sido protegidos, uam vez que foram enviados para a América pelo serviço de inteligência da Arábia GID, o que explicaria o porquê de após chegarem terem sido aparentemente e indirectamente financiados pela embaixada da Arábia Saudita em Washington. Os factos foram bem resumidos por Paul Church no Asia Times Online (de 11 de Fevereiro de 2012):
“Entre 1998 e 2002, cheques bancários no valor de $ 73.000 foram canalizados por Haifa, esposa do Embaixador Saudita, Bandar – que uma vez descreveu os primeiros Bushs, como “minha mãe e meu pai” – para duas famílias da Califórnia, que se veio a saber terem financiado al-Midhar e al-Hazmi.
A Princesa Haifa enviou pagamentos regulares mensais nos valores de US $ 2.000 e US $ 3.500 para Majeda Dweikat, esposa do saudita Osama Basnan. Vários investigadores acreditam que Osama era espião do governo saudita.
Muitos dos cheques foram assinados por Manal Bajadr, esposa de Omar al-Bayoumi, este último também suspeito de secretamente trabalhar para o reino. Os Basnans, os al-Bayoumis e os alegados sequestradores do 11/9 (al-Mihdhar e al-Hazmi ), já tinham dividido o mesmo bloco de apartamentos em San Diego.
Foi al-Bayoumi que os saudou quando chegaram à América e lhes forneceu, entre outras formas de assistência, um apartamento, cartões de segurança social e ajuda nas inscrições nas escolas de voo na Flórida “[1]
Se os dois sauditas foram de facto enviados pelo GID («The Jordanian General Intelligence Department»), quase certamente foram admitidos sobre os termos do acordo entre a GID e a CIA. [2] O príncipe Turki al-Faisal, ex-chefe do GID, disse ter partilhado informações sobre a al-Qaeda com a CIA e que em 1997, os sauditas “estabeleceram um comité de inteligência conjunto com os Estados Unidos para partilha de informações sobre o terrorismo em geral e sobre a al Qaeda em particular “.[3]
Esta era uma especialidade de Blee. Steve Coll relata que Richard Blee, oficial da CIA e o seu superior Cofer Black, entusiasmados com as oportunidades apresentadas pelo comité e que lhes iria permitir alargar o âmbito da agência em regiões críticas, voaram juntos em 1999 para Tashkent e negociaram um novo acordo de ligação com o Uzbequistão. [5]
De acordo com Coll e o Washington Post, este arranjo logo levou, através de Tashkent, a uma ligação da CIA no Afeganistão com a Aliança do Norte. [6] Thomas Ricks e Susan Glasser relataram no Washington Post que logo depois dos ataques às embaixadas em Dar es Salaam e Nairobi em 1998, “Os Estados Unidos e Uzbequistão conduziram calmamente operações secretas conjuntas, destinadas a combater o acórdão do regime talibã no Afeganistão e seus terroristas aliados…, de acordo com autoridades de ambos os países “. [7]
Este envolvimento no Uzbequistão fazia parte de um padrão regional mais amplo. A partir de 1997, os EUA começaram uma série de manobras militares anuais com forças do Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, como exercícios para possíveis envio de forças de combate dos EUA para a região.
CENTRAZBAT 97, como foi conhecido, foi um teste claro à capacidade dos Estados Unidos de projectar poder para a bacia do Mar Cáspio, em caso de crise. “Conseguimos chegar a qualquer nação à face da terra”, disse o general Jack Sheehan, oficial de maior patente que participou no exercício. E, para que ninguém duvide da natureza dos nossos interesses na região, o vice-secretário assistente de Defesa acompanha Sheehan, Catherine Kelleher, citou “a presença de enormes recursos energéticos” como justificativo para o envolvimento militar americano. A operação de 1997 foi a primeira de uma série anual de exercícios CENTRAZBAT, destinados a testar a velocidade com que Washington poderia desdobrar forças norte-americanas directamente para a região e iniciar as operações de combate. [8]
Em outras palavras, o Pentágono esteve activo no Uzbequistão nos quatro anos antes do acordo público Rumsfeld–Karimov de Outubro de 2001.
Falando como um ex-diplomata, permitam-me observar que, provavelmente o acordo de parceria teria exigido habilitações específicas de acesso, para os que estavam a par do acordo e partilhavam as informações da ligação. [9] Isso explicaria a exclusão dos agentes do FBI e a não transmissão da informação sobre os dois alegados terroristas a eles. «Alec Station» precisou de proteger a identidade dupla dos dois sauditas e garantir que não seriam embaraçosamente detidos pelo FBI.
Quase de certeza que a CIA tinha mecanismos de ligação relevantes, não só com o GID Saudita e Uzbequistão, mas também com a («ISI») (Inter-Services Intelligence) do Paquistão, assim como com os serviços secretos do Egipto e, talvez, com os do Iémen e Marrocos.
Em particular, existem motivos para pensar que Ali Mohamed – agente duplo cuja protecção do FBI lhe permitiu não ser preso no Canadá, podendo ajudar a organizar os atentados da Al-Qaeda à embaixada de 1998 – foi autorizado sob tais acordos a entrar nos EUA como agente secreto estrangeiro, provavelmente egípcio. [10] Ali Mohamed figura tanto no conteúdo como na fonte no comunicado diário do Presidente (PDB- President’s Daily Brief) de 6 de Agosto de 2001, em que a CIA advertiu, “Bin Laden está determinado a atacar os EUA”. [11] De acordo com Jack Cloonan, “toda a informação veio de Ali Mohamed“, enquanto o próprio PDB atribui a sua principal conclusão a “um operacional Jihad Islâmico do Egipto (EIJ) contou a um [—] serviço”. [12] (Ali Mohamed era definitivamente um EIJ e o serviço foi provavelmente egípcio.)
Mas quando Mohamed, tal como Al-Mihdhar e al-Hazmi, foi indevidamente admitido nos EUA, não foi reportado pela CIA, mas possivelmente por “outro órgão federal”. [13]
É bem possível ter sido uma agência do Pentágono, porque de 1987 a 1989, Ali Mohamed “foi confiado ao comando de operações especiais do exército dos EUA [«SOCOM»] no Fort Bragg, casa dos Boinas Verdes e da Força Delta, esquadrões antiterrorismo de elite “. [14]
O SOCOM, que inclui o «JSOC» (comando Conjunto de Operações Especiais), tem sua divisão própria de serviços secretos [15] e é o comando que primeiro montou o programa Able Danger em 1999 para rastrear os membros da Al Qaeda, e que, inexplicavelmente foi fechado antes do 11/9 e a sua base de dados destruída. [16]
Além disso o SOCOM estava a trabalhar no Uzbequistão com agentes da CIA, como resultado do acordo negociado entre Cofer Black e Richard Blee.
Por esta e outras razões, sugiro a reconceptualização do que Fenton chama de anómalo o grupo “Alec Station“, como uma equipa de ligação entre agências (ou equipes) com autorizações especiais de acesso, incluindo pessoal do Alec Station, que colaboram com pessoal do FBI e, possivelmente também com o SOCOM. (Um destes colaboradores era o agente do FBI Dina Corsi, que de acordo com Fenton, escondeu informações vitais do colega e agente Steve Bongardt, mesmo após a NSA o ter cancelado. [17]
[1] The 9/11 Commission Report discounted the importance of al-Bayoumi (217-18); but the Report of the Joint Congressional Inquiry into 9/11 (173-77), even though very heavily redacted at this point, supplied corroborating information, including a report that Basnan had once hosted a party for the “Blind Sheikh” Omar Abdurrahman, involved in the first World Trade Center bombing of 1993.
[2] At first I suspected, as have others, that the two men were Saudi double agents. Another possibility is that they were sent as designated targets, to be surveilled by the Saudis and the Americans separately or together. One of my few disagreements with Fenton is when he calls al-Mihdhar “one of [the hijackers’] most experienced operatives” (Fenton, Disconnecting the Dots, 205). My own impression is that he was either an inexperienced and incompetent spy, or else someone deliberately exposing himself to detection, in order to test American responses.
[3] Summers, Eleventh Day, 396.
[4] 9/11 Commission Report, 184.
[5] Steve Coll, Ghost Wars: the secret history of the CIA, Afghanistan, and bin Laden, from the Soviet invasion to September 10, 2001 (New York: Penguin, 2004), 456-57.
[6] Thomas E. Ricks and Susan B. Glasser, Washington Post, October 14, 2001,.
[7] Ricks and Susan B. Glasser, Washington Post, October 14, 2001; cf.
[8] Michael Klare, Blood and Oil (New York: Metropolitan Books/ Henry Holt, 2004), 135-36; citing R. Jeffrey Smith, “U.S. Leads Peacekeeping Drill in Kazakhstan,” Washington Post, September 15, 1997. CF. Kenley Butler, “U.S. Military Cooperation with the Central Asian States,” September 17, 2001,.
[9] In 1957, I myself, as a junior Canadian diplomat, acquired a special access, higher-than-top-secret clearance to access intelligence from NATO, a relatively overt and straightforward liaison.
[10] For the Ali Mohamed story, see Scott, Road to 9/11, especially 151-60.
[11] Scott, Road to 9/11, 158; citing John Berger, “Unlocking 9/11: Paving the Road to 9/11”: ”Mohamed was one of the primary sources for the infamous Aug. 6, 2001, presidential daily brief (PDB) entitled ‘Bin Laden Determined to Strike in U.S.’” The PDB, often cited as an example of the CIA’s good performance, is in my opinion more probably another example of the Bin Laden Unit salting the record in preparation for post-9/11 scrutiny. The PDB, without naming Ali Mohamed, refers to him no less than three times as a threat, despite the fact that at the time he was under USG control awaiting sentence for his role in the 1998 embassy plots. The PDB, in other words, appears to have been a performance for the record, analogous to Wilshire’s performance in the same month of August at the FBI.
[12] John Berger, Ali Mohamed, 20 (Cloonan); 9/11 Commission Report, 261 (PDB).
[13] James Risen, New York Times, October 31, 1998; in Scott, Road to 9/11, 346-47.
[14] Raleigh News and Observer, November 13, 2001; in Scott, Road to 9/11, 347. I have added the word “Army.” The HQ for USSOCOM itself is at Fort MacDill Air Force Vase in Florida.
[15] Dana Priest and William M. Arkin, “‘Top Secret America’: A look at the military’s Joint Special Operations Command,” Washington Post, September 2, 2011,.
[16] Fenton, Disconnecting the Dots, 168-69; Summers, Eleventh Day, 371, 550.
[17] Fenton, Disconnecting the Dots, 372.
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