A Arte da Omissao

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Os fundos abutre que desmembram a Argentina vêm também de Espanha

Les fonds vautours qui dépècent l’Argentine se jettent sur l’Espagne

“Fundos abutres” referem-se a empresas que compram dívidas insolventes a baixo preço e depois forçam os devedores a comprá-las de novo. O bilionário Paul Singer é especialidade neste tipo de negócio. Hoje, pretende consolidar a sua fortuna pessoal à custa do povo argentino, enquanto o seu apetite começa a virar-se para Espanha.

| 31 Julho de 2014

 

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Paul Singer, sionista bilionário é o principal doador do Partido Republicano. Ele está particularmente empenhado em apoiar o militarismo e gays.

O fundo NML Capital, que juntamente com outros, mantém a Argentina à beira da suspensão de pagamento, já está a devorar a carne podre do mercado espanhol. Elliott Management Company, fundo oportunista do especulador americano Paul Singer, já recuperou 1 bilião € em créditos falidos da Bankia e 300 milhões de euros do Santander. Segundo o Auraree.com, ele teria pago apenas US $ 50 milhões pelas duas carteiras.

Em Março de 2013, a imprensa económica espanhola relatava que Elliott tinha adquirido ao Grupo Santander uma carteira de € 300 milhões de empréstimos ao consumidor em incumprimento do Santander Consumer Finance, com um desconto de cerca de 96%. O preço pago foi irrisório: quase 12 milhões €, de acordo com o diário  Cinco Días.

Em Agosto do mesmo ano, Bankia, a entidade nacionalizada que mais beneficiou com o resgate dos bancos espanhóis e que levou a aumentar consideravelmente a dívida pública, informou que tinha vendido três carteiras de créditos em incumprimento por um volume total de dívida de 1.353,9 milhões de Euros.

No comunicado à CNMV (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários – NdT) não foi mencionado a quem os empréstimos foram vendidos nem a que preço. Apesar da aparente falta de transparência, a imprensa financeira colocou nomes e números na operação, a qual se estima que “pode ter tido um desconto de 95%.”

Os compradores das três carteiras foram o fundo abutre Cerberus, – recomendado pelo filho do ex-primeiro-ministro José Maria Aznar Jr.,- Elliott e a empresa norueguesa Lindorff. “As carteiras foram avaliadas em 1.354 milhões de euros, mas pagaram somente 68 milhões”, de acordo com o Finanzas.com. Entrámos em contacto com a Bankia para confirmar estes dados, mas a sua resposta foi que devido a “questões de confidencialidade” nunca transmitem os valores e “os compradores que não querem ser identificados.”

Alguns meses mais tarde, surge a notícia que o fundo Elliott comprou  a agência de gestão da dívida espanhola Gesif para a converter na sua base de operações no mercado espanhol. Sua directora geral, Melania Sebastian, foi a responsável da Gestão da Informação do Banca Comercial de Caja, em Madrid. É interessante realçar como um ex director do Caja de Madrid passa actuar como intermediário entre o Bankia nacionalizado e fundo abutre Elliott.

O que aconteceu na Argentina

Os fundos abutre ganham dinheiro tirando proveito de países em dificuldades, como a Argentina durante a crise de 2001, com a compra de dívida barata. Depois, esperam pelo momento certo para os forçar, pela via judicial, a comprá-la de volta a um preço muito mais alto, onde incluem juros de mora e custas judiciais.

Assim especulam sobre a dívida pública, comprometendo os gastos sociais que beneficiem a grande maioria da população. Estes abutres escolhem acções judiciais, recusando fazer parte dos 93% dos credores que negociaram com o governo argentino. E agora o juiz do distrito de Nova Iorque, Thomas Griesa, prioriza os pagamentos dos fundos abutre, abre as portas para uma enxurrada de acções que poderiam ter levado à suspensão de pagamentos da Argentina a 30 de Julho. Como afirmado por Julio C. Gambina, “ninguém sabe em rigor o quanto as exigência dos credores poderão tornar a dívida impagável”, mas sabemos que o custo para o povo argentino pode ser catastrófico.

Mas quem está por trás destes fundos abutre? O NML Capital é uma subsidiária do fundo de investimento Elliott Management Corporation, registada no paraíso fiscal das Ilhas Caimão. É o império do multimilionário norte-americano Paul Singer, defensor do partido republicano e apoiante do Tea Party.

Elliott especula com as dívidas públicas, violando a soberania dos Estados e seus povos. Mas também especula com dívidas privadas. Em 2011, chegou a ter dois milhões de dólares do Lehman Brothers.

Singer foi o maior financiador da campanha presidencial de George W. Bush em 2004; deu o seu contributo para as campanhas de Mitt Romney em 2012 e do perfeito de Nova York, Rudolph Giuliani. É o maior financiador privado da Polícia de Nova Iorque. Assim, como um dos principais financiadores do Partido Republicano, desempenha um papel importante na política americana e internacional.

A fundação que tem seu nome, Fundação Paul E. Singer, é louvada pela sua filantropia, pela liderança na expansão do livre comércio, pela gestão a favor da segurança nacional dos Estados Unidos e “futuro de Israel.” Além disso, Singer é o presidente do Instituto Manhattan de Pesquisa Política [1].

Em relação ao caso argentino, o NML Capital é o principal financiador da American Task Force Argentina (AFTA), lobby que influencia o Congresso e a Justiça americana prejudicando a Argentina. Para se ter uma ideia do poder destes abutres, o NML embargou a fragata argentina Libertad em Gana em Outubro de 2012, exigindo ao governo argentino que pagasse cerca de 370 milhões de dólares em títulos não pagos.

O que está a acontecer na Argentina é emblemático do que se começa a viver na Grécia, onde os fundos abutre como o Dart Management operam. Dart tem sede nas ilhas Caimão e opera também na Argentina. Já em 1999, o NML Capital obteve, graças a um julgamento nos Estados Unidos, o pagamento de US $ 58 milhões do Peru por uma dívida que o fundo tinha comprado de 11 milhões. Ele também fez negócios com a República Democrática do Congo.

Jérome Duval

Fatima Fafatale

[1] «El Manhattan Institute, laboratorio del neoconservadurismo», por Paul Labarique, Red Voltaire , 30 de enero de 2005.

Nota: realces desta cor são da minha responsabilidade

Artigos relacionados: Fundos “abutre” interessados na dívida do BES

Reza a história que todos os impérios caem.

Enquanto traduzia este artigo e tomava consciência de mais outro tipo de abutre a contribuir para a escravidão de Estados e dos seus povos (Portugal também já está debaixo de olho), passei por vários estados de alma, mas o que mais predominou foi o da certeza que um dia, à custa de muitas vidas (os povos vão deixar de estar neste estado zombi), este império miserável vai acabar e que se inicie um ciclo onde predominem os valores humanos e não só os materiais.

Estejamos atentos, o abutre Singer já apontou canhões para a Península Ibérica.

 

2 comments on “Os fundos abutre que desmembram a Argentina vêm também de Espanha

  1. Rafael
    8 de Setembro de 2014

    Mau, muito mau mesmo!
    Mas o que se espera desta canalhagem??!!

    Gostar

  2. Pingback: banqueiros estrangeiros estupram a Ucrânia | A Arte da Omissao

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This entry was posted on 28 de Agosto de 2014 by in Argentina, Espanha and tagged , , , , , , , .

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