A Arte da Omissao

ACORDEM

Síria : Alepo e Mossul

A imprensa ocidental oculta muitas informações sobre eventos que ocorrem em Mossul (Iraque) e no leste de Alepo (Síria) para esconder o apoio dos seus governos aos jihadistas. Além disso, com base nessas informações incompletas multiplicam-se as más interpretações.

Tradução do artigo, Alep-Est & Mossoul, de Thierry Meyssan

| Damasco (Síria) | 6 de Dezembro de 2016

Links dentro de «» e realces desta cor são da minha responsabilidade

Em Mossul e no leste Alepo, as populações que tinham acolhido os jihadistas por acreditarem que a Charia lhes permitiria voltar à Idade de Ouro, rapidamente ficaram desencantados. Oprimidos com as leis dos jihadistas e horrorizados com a sua violência gradualmente voltaram-se contra eles. Hoje, sem escrúpulos, os jihadistas exploram-nos como escudos humanos. Ainda de acordo com a imprensa ocidental, a batalha de Mosul é legítima mas a do leste de Alepo não.

Mossul está sob controlo do Daesh, o que por outras palavras significa que está sob a mão de Washington. Por um lado, os militares norte americanos são conselheiros das forças iraquianas e por outro a CIA envia os seus pára-quedas com armas e munições ao Daesh. Estas duas mãos obedecem ao mesmo cérebro, desde que os conselheiros norte-americanos apresentaram um plano de ataque para circundar a cidade mas onde deixavam em aberto a estrada de Raqqa nos dois sentidos. O cérebro não discute com os seus aliados como demonstrado com a reacção da França ao solicitar o ataque a Raqqa depois da queda de Mossul.

O leste de Alepo está na mão da Al Qaeda, ou seja, também na mão de Washington. Desta vez, os Estados Unidos e os seus aliados estão na mesma frequência. Assim, o presidente François Hollande recebeu o « presidente da câmara » do leste de Alepo no Eliseu, que se fez  acompanhar por responsáveis dos «Capacetes Brancos», que iam receber o  « Prémio Franco-Alemão para os direitos humanos e o Estado de Direito » (sic).

Na verdade, no que diz respeito ao “Estado de Direito”, ninguém quer saber quem elegeu ou nomeou este « presidente da câmara »  ou o porquê da « sua» cidade estar ocupada pelos jihadistas do Sheik Saudita, Abdullah al-Muhaysini. Da mesma forma, nenhum jornalista ocidental parece estar interessado no director e fundador dos Capacetes Brancos, o agente do MI6, James Le Mesurier. Que seja dito, os sauditas e britânicos são os « rebeldes sírios moderados ».

Em Maio de 2014, realizou-se uma reunião secreta em Amã para planear a implantação do Daesh na Síria e Iraque. O antigo vice-presidente iraquiano, Izzat Ibrahim al-Douri, trouxe o apoio de 80.000 combatentes da Ordem dos «Naqshbandi», da qual é Grão-Mestre. Um mês depois,  abriu as portas de Mossul ao Daesh, onde os EUA oportunamente entregaram armas.

Al-Douri, que anteriormente tinha sido deposto por Washington, pensou que desta forma poderia recuperar o poder. Errado. Com formação baathista, os Naqshbandi iraquianos rapidamente entraram em conflito com o Daesh, quando este quis impor os seus tribunais “islâmicos”. Agora os seus soldados apoiam o governo de Bagdá. Através de uma cruel reviravolta do destino, hoje enfrentam jihadistas treinados pela Turquia, onde em 1969 fundaram a Milli Gorus de Necmettin Erbakan (movimento político-religioso de uma série de partidos islâmicos inspirados por Necmettin Erbakan. Tem-se chamado um “dos principais organismos da diáspora turca na Europa” e também referenciada como a maior organização islâmica que opera no Ocidente -Ndt). Eles colhem os frutos do seu apoio à Irmandade Muçulmana síria em 1982.

Eles pagam mais uma vez o preço do seu flerte com os jihadistas em 1993, durante a campanha do “regresso à fé” (al-al-Hamlah Imaniyyah). Que desta vez, a experiência seja assimilada: qualquer aliança – mesmo que seja táctica – com a Irmandade Muçulmana e seus grupos armados acabarão por conduzir ao caos. Esta é a lição que a Síria tem infelizmente de assimilar, ao ter acreditado honrosamente que devia ajudar os jihadistas iraquianos contra a ocupação norte americana e o Hamas supostamente face a Israel.

Os Europeus ainda não entenderam. Eles denunciam a República Árabe da Síria e comovem-se com o facto dos habitantes de Alepo serem “forçados a fugir dos combates”, em vez de celebrarem a sua libertação das garras dos jihadistas. No entanto, « os rebeldes sírios moderados » vindos da Arábia Saudita, Líbia, Tunísia e de muitos outros países,  já estão dentro das suas paredes e já realizam ataques.

Cada Era tem os seus desafios. Na minha opinião, um dos grandes desafios que nos é colocado na Era actual, é acordarmos desta letargia em que vivemos e começarmos a ter um papel activo na sociedade, em que o maior valor seja o ser humano. Não podemos permitir que nos considerem acéfalos, tele comandados, distraídos constantemente com manobras de diversão, brilhantemente montadas.

Fazendo parte da sociedade civil, não podemos ser ilibados de culpas, no que diz respeito às matanças levadas a cabo, não para combater o terrorismo, mas para alimentar da guerra pelo último barril de petróleo e pelo poder.

Diariamente, às horas sagradas das refeições em família (outro valor a recuperar o mais depressa possível), alimentamos quem quer encobrir o papel terrorista do Ocidente nas guerras do Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, entre outras, pois ao contrário do que se pensa, o Ocidente faz parte da cadeia que alimentou e continua a alimentar os ditos grupos radicais, faz parte de quem se acha no direito de gerar o caos para depor presidentes eleitos em Nações Soberanas, que têm  jardins de petróleo.

A desinformação é consciente, porque pretende encobrir responsabilidades. Hoje, vimos a bola da responsabilidade andar de mão em mão, fazendo com que nós fiquemos tontos ao segui-la.

O vídeo seguinte, diz respeito à uma Conferência de Imprensa, no passado dia 9 de Dezembro. Conferência de quem é contra a propaganda da mudança de regime, pela paz e pela soberania nacional na Síria.

Oradores: Dr. Bahman Azad, Membro do Comité de Coordenação da Hands Off Syria e Secretário de Organização do Conselho para a Paz dos EUA, e Eva Bartlett, jornalista independente do Canadá.

A mensagem nela transmitida,  vem ao encontro das diversas traduções de opiniões, que tenho feito, relativas à responsabilidade do Ocidente nas guerras pelo último barril de petróleo.

Não consegui arranjar todos os vídeos com legendas em português. No entanto e caso ajude, active  as legendas em inglês.

Conferência a 9.12.2016

Parte da conferência com legendas em português

Conferência de Agosto de 2016

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