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“Sob os nossos olhos” (7/25) – Daesh realiza o sonho da Irmandade Muçulmana: o Califado

Nota: links dentro de «» e realces desta cor são da minha responsabilidade

Livro «Sous nos yeux» (7/25) –  «Sob os nossos olhos» (7/25)  de Thierry Meyssan

Tradução do artigo Daesh réalise le rêve des Frères musulmans : le Califat

Estamos a concluir a publicação da parte do livro de Thierry Meyssan, “Sob nossos olhos”, dedicada à Irmandade Muçulmana. Neste episódio, a Irmandade realiza com o Daesh o seu sonho de restabelecer o Califado. Este primeiro Estado terrorista conseguiu funcionar por dois anos com a ajuda ocidental.

 Rede Voltaire / Damasco (Síria) 26 de Julho de 2019

Este artigo foi extraído do livro Sous nos yeux de Thierry Meyssan – 2017

 

O Daesh fez-se conhecer pelas torturas e massacres em público

14 – Daesh e o califado

Inicialmente, os membros da Frente Al-Nosra (Al-Qaeda na Síria) eram sírios que partiram para lutar no Iraque após a queda de Bagadá em 2003. Eles voltaram à Síria para participar da operação planeada contra a República e que seria definitivamente diferida para Julho de 2012.

Por dois anos – até 2005 – eles beneficiaram da ajuda da Síria, que os deixou circular livremente acreditando que estavam a lutar contra o invasor norte-americano. No entanto, ficou claro quando o general David Petraeus chegou ao Iraque, que a sua verdadeira função era lutar contra os iraquianos xiitas para deleite dos ocupantes.

Em Abril de 2013, o Emirado Islâmico do Iraque, de onde vieram, foi reactivado como Emirado Islâmico do Iraque e Levante (ISIL). Os membros da Frente Al-Nosra, que conquistaram uma grande fatia da Síria, recusam reintegrar a sua casa-mãe.

John McCain na Síria ocupada. Em primeiro plano à direita, reconhecemos o director da Syrian Emergency Task Force. Na porta central, o porta-voz da Tempête du Nord (Al-Qaeda), Mohammad Nour. As famílias dos reféns libaneses vão apresentar queixa contra o “senador” por cumplicidade no sequestro. Ele vai garantir que não conhece Nour e que Nour ter-se-ia infiltrado nesta foto oficial divulgada pela sua secretaria parlamentar.

Em Maio de 2013, uma associação sionista dos EUA, a Syrian Emergency Task Force, organizou a viagem do senador McCain à Síria ocupada. Lá, conheceu vários criminosos, incluindo Mohammad Nour, porta-voz da katiba (brigada) Storm of the North (Al-Qaeda), que havia sequestrado e mantido 11 peregrinos xiitas libaneses em Azaz.

Uma fotografia divulgada pelo seu serviço de imprensa mostra-o em profunda conversa com líderes do Exército Sírio Livre, alguns dos quais também carregam a bandeira da Frente Al-Nusra.

Surge uma dúvida quanto à identidade de um deles. Escreverei mais tarde que se trata do futuro califa do Daesh, que o secretário do senador negará formalmente [1] (artigo traduzido aqui-Ndt).

O mesmo que serviu de tradutor a jornalistas, há margem para dúvidas. O secretário afirmará que minha hipótese é absurda, pois o Daesh já tinha ameaçado várias vezes de morte o senador.

Pouco depois, John McCain declarou na televisão, sem medo de se contradizer, que conhecia pessoalmente os líderes do Daesh e estava «em constante contacto com eles». Embora o senador não tenha ilusões sobre os islâmicos, ele afirma ter aprendido as lições do Vietname e apoiá-los contra o “regime de Bashar”, por necessidade estratégica.

Ele tinha, portanto, organizado antes do início dos eventos na Síria, o fornecimento de armas do Líbano e seleccionado a aldeia de Ersal como a futura base de retaguarda para as operações. Durante esta viagem à jihadista Síria, ele avalia as condições para o futuro funcionamento do Daesh.

John McCain e a equipe do Exército Sírio Livre. Em primeiro plano, à esquerda, o homem que mais tarde faria o papel do “califa Ibrahim” do Daesh, com quem o senador está a conversar. Em seguida, o Brigadeiro General Salim Idriss (de óculos). O “Califa” é um actor que nunca exerceu responsabilidade. Segundo John McCain, não se trata do califa, mas de uma pessoa semelhante. No entanto, o senador posteriormente admitirá estar “em contacto permanente” com o Daesh.

Em Dezembro de 2013, a polícia e a justiça turca estabeleceram que o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan estava a receber secretamente Yasin Al-Qadi, banqueiro da Al-Qaeda por vários anos.

As fotos mostram que ele viajou várias vezes num avião particular e foi saudado depois das câmaras de vigilância do aeroporto terem sido cortadas. Yasin Al-Qadi já foi (e provavelmente ainda é) amigo pessoal do ex-vice-presidente norte-americano Dick Cheney.

Yasin Al-Qadi só foi removido da lista de procurados da ONU em 5 de Outubro de 2012 e do Departamento do Tesouro dos EUA em 26 de Novembro de 2014, mas há muito que se encontrava com Erdogan.

Ele admitiu ter sido responsável pelo financiamento da Legião Árabe de Bin Laden na Bósnia e Herzegovina (1991-95) e por ter financiado o presidente Alija Izetbegovic. Segundo o FBI, ele também teria desempenhado um papel central no financiamento dos ataques às embaixadas dos Estados Unidos na Tanzânia e no Quénia (1998).

Ainda de acordo com o FBI, ele era dono da empresa de informática Ptech (hoje Go Agile), suspeita de actuar no terrorismo internacional.

Câmaras de vigilância do aeroporto de Istambul surpreenderam Bilal Erdogan (segundo filho de Recep Tayyip Erdoğan – Ndt) a receber o tesoureiro da AlQaeda, Yasin el-Kadi

Pouco depois, a polícia turca invadiu o quartel-general do «IHH» e prendeu Halis B., suspeito de ser o líder da Al-Qaeda na Turquia, e Ibrahim S., o segundo no comando da organização para o Médio Oriente. Erdogan acaba por demitir a polícia e libertar os suspeitos.

Na emissora pública saudita Al-Arabiya, um oficial do Daesh disse que a organização é chefiada pelo príncipe Abdul Rahman Al-Faisal.

Em Janeiro de 2014, os Estados Unidos iniciaram um vasto programa para desenvolver uma organização jihadista, cujo nome não foi divulgado. São montados três campos de treino  na Turquia em Sanliurfa, Osmaniye e Karaman [2]. Armas chegam ao ISIS, despertando a cobiça da «Al-Nusra».

Por vários meses, os dois grupos travaram uma guerra impiedosa. A França e a Turquia, que não entenderam imediatamente o que estava a ser preparado, enviaram inicialmente munições para Al-Nusra (Al-Qaeda) para que esta apreenda o saque do ISIS.

A Arábia Saudita reivindica a sua liderança sobre o ISIS e diz que agora é chefiada pelo príncipe Abdul Rahman Al-Faisal (irmão do embaixador saudita nos Estados Unidos e ministro das Relações Exteriores saudita).

As coisas estão a ficar cada vez mais claras: a 18 de Fevereiro a Casa Branca convoca os chefes dos serviços secretos da Arábia Saudita, Jordânia, Catar e Turquia. A conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, disse-lhes que o príncipe Bandar não conseguiu recuperar a saúde e que será substituído pelo príncipe Mohammed Ben Nayef para supervisionar os jihadistas. Mas Mohammed Ben Nayef Nayef não tem autoridade natural sobre essas pessoas, o que aguça o apetite dos turcos. Ela dá-lhes o novo organograma do Exército Sírio Livre e informa que Washington vai confiar-lhes uma grande operação secreta para remodelar as fronteiras.

No início de Maio de 2014, Abdelhakim Belhaj (ex-executivo da Al-Qaeda, governador militar de Trípoli na Líbia e fundador do Exército Sírio Livre) foi a Paris para informar o governo francês dos planos dos EUA / jihadistas e terminar a guerra que a França faz ao ISIS. Ele é recebido notavelmente no Quai d´Orsay. De 27 de Maio a 1 de Junho de 2014, vários líderes jihadistas são convidados para consultas em Amã (Jordânia).

Extracto da acta da reunião presidida pela CIA em Amã, redigida pelos serviços de inteligência turcos (documento distribuído pelo diário curdo “Özgür Gündem” de 6 de Julho de 2014)

De acordo com a acta (2014) desta reunião, os combatentes sunitas serão reagrupados sob a bandeira do ISIS e receberão armas ucranianas em grande número e meios de transporte. Assumirão o controlo de uma vasta área que abrange a Síria e o Iraque, principalmente o deserto, e proclamarão lá um Estado independente. Sua missão é cortar a rota Beirute / Damasco / Bagadá / Teerão e explodir as fronteiras franco-britânicas da Síria e do Iraque.

O ex-vice-presidente iraquiano Ezzat Ibrahim Al-Douri, que é o mestre da Ordem de Nachqbandis no seu país, anuncia que está a trazer 80.000 ex-soldados do exército de Saddam. A CIA confirma que 120.000 combatentes das tribos sunitas de Al-Anbar se juntarão ao ISIS após sua chegada e fornecerão armamento pesado que o Pentágono lá entregará, oficialmente para os militares iraquianos. Masrour «Jomaa» Barzani, chefe dos serviços secretos do governo regional curdo do Iraque, dá luz verde para poder anexar os territórios contestados de Kirkuk (cidade do Iraque – Ndt) assim que o ISIS anexe Al-Anbar (províncias do Iraque – Ndt).

Não compreendemos o significado da presença do Mullah Krekar, que cumpre pena de prisão na Noruega e que chegou num avião especial da NATO. Na verdade, durante vários anos, ele desempenhou um papel importante na preparação ideológica dos islâmicos para a proclamação do Califado. Mas esse assunto não será discutido durante a reunião.

Ao mesmo tempo, na Academia Militar de West Point, o presidente Barack Obama anuncia a retoma da “guerra ao terrorismo” e a alocação de um orçamento anual de US $ 5 bilhões. A Casa Branca declarará posteriormente que esse programa inclui, entre outras coisas, o treino de 5.400 «rebeldes moderados» por ano.

Em Junho (2014), o Emirado Islâmico lança um ataque primeiro no Iraque, depois na Síria e proclama um califado. Até então, o Daesh – como agora é chamado por causa da sua sigla em árabe – deveria consistir em apenas algumas centenas de lutadores, mas milagrosamente e de repente tem várias centenas de milhares de homens.

As portas do Iraque são-lhe abertas pelos ex-oficiais de Saddam Hussein, que assim se vingaram do governo de Bagadá, e por oficiais xiitas que emigraram para os Estados Unidos.

Daesh apreende armas do exército iraquiano que o Pentágono acabara de entregar e das reservas do Banco Central de Mossul (cidade do Iraque – Ndt). Simultaneamente e de forma coordenada, o Governo Regional do Curdistão anexou Kirkuk e anunciou a realização de um referendo de autodeterminação.

Para evitar que os jihadistas de grupos concorrentes ao Emirado Islâmico voltem para a Turquia, Ancara fecha a sua fronteira com a Síria.

Assim que se instalou, o Daesh colocou administradores civis treinados em Fort Bragg (EUA), alguns dos quais fizeram recentemente parte da administração dos EUA no Iraque. Instantaneamente, o Daesh passa a ter a administração de um Estado no sentido do State building dos militares dos EUA. Esta, é obviamente uma transformação completa para o que há algumas semanas era apenas um pequeno grupo terrorista. 

Quase tudo foi planeado com antecedência. Portanto, quando o Daesh assume os aeroportos militares iraquianos, imediatamente passa a contar com pilotos de helicópteros e aeronaves com capacidade de combate. Eles não podem ser ex-pilotos militares iraquianos, pois a capacidade operativo considera-se perdida após 6 meses de interrupção de voo. Mas os planeadores não forneceram as equipes técnicas necessárias, então parte desse material não pôde ser usado.

O Daesh tem um serviço de comunicações, que parece ser composto principalmente por especialistas do MI6, ambos encarregados de editar os seus jornais e encenar a violência de Alá. Esta é outra mudança para os jihadistas. Até agora, eles usaram a violência para aterrorizar as populações. De agora em diante, eles a ampliarão para os chocar e hipnotizar. Incrivelmente filmados e estetizados, os seus vídeos impressionarão e recrutarão amantes de filmes «snuf».

John McCain e «Abdelhakim Belhaj». No momento em que esta foto é tomada a Interpol procura Belhaj como o emir do Daesh no Magrebe

O sucesso retumbante do Daesh leva os islâmicos ao redor do mundo a voltarem-se para ele. Se a Al Qaeda era a preferência nos dias de Osama bin Laden e seus sósias, o califa “Ibrahim” é o novo ídolo. Um por um, a maioria dos grupos jihadistas no mundo jura lealdade ao Daesh. Em 23 de Fevereiro de 2015, o procurador-geral do Egipto, Hichem Baraket, envia uma nota à Interpol alegando que Abdelhakim Belhaj, governador militar de Trípoli, é o chefe do Daesh para todo o «Magrebe».

Daesh explora o petróleo do Iraque e da Síria [3]. O petróleo pode ser transportado através de um gasoduto controlado pelo Governo Regional Curdo do Iraque ou por petroleiros das empresas turcas Serii e Sam Otomotiv através dos postos fronteiriços de Karkamıs, Akçakale, Cilvegözü e Öncüpınar. Parte do petróleo é refinado para consumo turco pela Turkish Petroleum Refineries Co. (Tüpras) em Batman. Embarca depois em Ceyhan, Mersin e Dortyol nos barcos da Palmali Shipping & Agency JSC, empresa do bilionário turco-azeri Mubariz Gurbanoglu. A maior parte do petróleo bruto é transportado para Israel, onde recebe falsos certificados de proveniência, seguindo para a Europa (incluindo a França, para Fos-sur-Mer, onde é refinado). O restante é enviado directamente para a Ucrânia. Este dispositivo é bem conhecido dos profissionais e discutido no Congresso Mundial de Companhias de Petróleo (15 a 19 de Junho em Moscovo). Os oradores garantem que a Aramco (EUA / Arábia Saudita) organiza a distribuição do óleo do Daesh na Europa, enquanto a Exxon-Mobil (empresa Rockefeller que reina sobre o Catar) vende o do Al-Nosra [4].

Poucos meses depois, a representante da União Europeia no Iraque, a embaixadora Jana Hybaskova, confirmará numa audiência no Parlamento Europeu que os Estados membros da União estão a subsidiar o Daesh com a compra do seu petróleo (roubado à custa da destruição do Iraque – Ndt)

(Estamos integrados numa agência comercial e financeira, que já não pode esconder o seu papel criminoso na destruição do Médio Oriente alargado. Quem os ouve falar até parece que são inocentes. Tal só possível para uma camada de humanos que absorve a desinformação mastigada dos meios de comunicação corporativos –  Ndt)

A princípio, o Conselho de Segurança da ONU não denuncia esse tráfico, no máximo o seu presidente lembra a proibição do comércio com organizações terroristas. Só em Fevereiro de 2015 é que a resolução 2199 foi aprovada. (e depois, algo mudou? – Ndt)

Então Mubariz Gurbanoglu retirou-se e vendeu vários dos seus navios (Mecid Aslanov, Begim Aslanova, Poeta Qabil, Armada Breeze e Shovket Alekperova) para o Grupo BMZ Denizcilik ve Insaat AS, companhia de navegação de Bilal Erdogan, filho do presidente Recep Tayyip Erdogan, que continua com o tráfego.

Foi somente em Novembro de 2015, na cúpula do G20 em Antalya, que Vladimir Putin acusou a Turquia de violar a resolução da ONU e de comercializar o petróleo do Daesh. Diante das negativas do presidente Erdogan, o chefe de operações militar russo, o general Sergei Rudskoy, divulgou numa conferencia de imprensa, imagens de satélite dos 8.500 navios-tanque que cruzavam a fronteira turca.

A força aérea russa destruiu imediatamente os caminhões presentes na Síria, mas a maior parte do tráfego continuou via Curdistão iraquiano sob a responsabilidade do presidente Massoud Barzani ( político curdo, foi presidente da região do Curdistão iraquiano de 2005 a 2017. É o atual líder do Partido Democrático do Curdistão . ndt). Em seguida, foram iniciadas as obras da expansão do terminal petrolífero “Yumurtalik” (conectado ao oleoduto Kirkuk-Ceyhan turco-iraquiano), cuja capacidade de armazenamento aumentou para 1,7 milhão de toneladas.

Todos os petroleiros são propriedade de uma empresa que obteve, sem licitação, o monopólio do transporte de petróleo em território turco, a Powertans. É propriedade da misteriosa Grand Fortune Ventures, com sede em Singapura, e que depois foi transferida para as Ilhas Calmam. Por trás dessa montagem esconde-se a Çalik Holding, a empresa de Berat Albayrak, genro do presidente Erdogan e seu ministro da Energia [5].

O petróleo que passou pelo oleoduto curdo é vendido de forma idêntica. No entanto, quando o governo iraquiano denuncia a cumplicidade de Barzani com o Daesh e o roubo de propriedade pública iraquiana que eles cometem juntos, Ancara finge estar surprendida. Erdogan congela então os ganhos dos curdos iraquianos numa conta bancária turca, esperando que Erbil e Bagadá esclareçam as suas posições. Claro, como esse dinheiro está supostamente bloqueado, a receita gerada pelos seus investimentos não é declarada no orçamento turco, indo para o AKP (partido turco – Ndt).

 

Em Setembro de 2014, o califa purgou os executivos da sua organização. Oficiais do Magrebe em geral e tunisianos em particular são acusados ​​de desobediência, condenados à morte e executados. São substituídos por chechenos da Geórgia e por uigures chineses. O oficial de inteligência militar georgiano Tarkhan Batirashvili torna-se o braço direito do califa sob o nome de «Abu Omar Al-Chichani».

Reagindo às atrocidades em grande escala e à execução de dois jornalistas americanos, o presidente Obama anunciou em 13 de setembro a criação de uma coligação anti Daesh. Durante a batalha de Kobane (Síria), os aviões da Força Aérea dos EUA prolongam a diversão bombardeando o Daesh em certos dias e jogando armas e munições nele noutros dias.

 

De acordo com a imprensa americana, o francês David Drugeon, oficial do serviço secreto militar francês, era o perito francês do Daesh que treinou Mohammed Merah e os irmãos Kouachi. O Ministério da Defesa francês nega tê-lo usado enquanto a imprensa norte-americana mantém essa afirmação. Ele está convenientemente desaparecido após um bombardeamento aliado.

A coligação afirma estar a realizar uma operação contra um certo grupo Khorasan da Al Qaeda na Síria. Embora não haja provas da existência deste grupo, a imprensa norte-americana afirma que é liderado por um pirotécnico do serviço secreto francês em missão, David Drugeon, que o Ministério da Defesa francês desmente. Posteriormente, a imprensa dos EUA afirma que Drugeon treinou em nome dos serviços secretos franceses, Mohammed Merah (responsável pelos ataques de Toulouse e Montauban em 2012) e os Irmãos Muçulmanos Muçulmana, os irmãos Kouachi (responsáveis ​​pelo ataque contra Charlie Hebdo em Paris em 2015).

Para expandir os seus recursos, o Daesh cria impostos nos territórios que administra, resgata prisioneiros e negocia com antiguidades. A última actividade é supervisionada por Abu Sayyaf Al-Iraqi. As peças roubadas são enviadas para Gaziantep (Turquia). Depois são expedidas directamente para coleccionadores que as encomendaram através das empresas Senocak Nakliyat, Devran Nakliyat, Karahan Nakliyat e Egemen Nakliyat, ou vendidas no mercado Bakırcılar Çarsısı [6]. Além disso, a máfia turca, liderada pelo primeiro-ministro Binali Yildirim, instala fábricas de falsificações no território do emirado islâmico e inunda o mundo ocidental com elas.

Finalmente, quando o presidente afegão Hamid Karzai deixa o cargo, retira o transporte de ópio e heroína afegãos para os kosovares e acusa o califado. Por muitos anos, a família do presidente afegão – incluindo seu irmão Ahmed Wali Karzai até ao seu assassinato – comandou o principal cartel do ópio. Sob a protecção das Forças Armadas dos Estados Unidos, o Afeganistão produz 380 toneladas de heroína por ano das 430 existentes no mercado mundial. Esse comércio rendeu ao clã Karzai US $ 3 bilhões em 2013. O Daesh é responsável pelo transporte das drogas para a Europa, através das suas subsidiárias africanas e asiáticas.

15- A liquidação do Daesh

Em 21 de Maio de 2017, o presidente Donald Trump anunciou em Riade que os Estados Unidos renunciam à criação de um «Sunnistão» (Califado do Daesh) abrangendo o Iraque e a Síria e, que parariam de apoiar o terrorismo internacional. Ele exorta todos os estados muçulmanos a fazerem o mesmo. Este discurso foi cuidadosamente preparado com o Pentágono e o Príncipe Mohamed Ben Salman, mas não com Londres. Como boa obdiente, a Arábia Saudita começa a desmantelar o gigantesco sistema de apoio à Irmandade Muçulmana que estabeleceu em sessenta anos. O Reino Unido, Catar, Turquia e Malásia recusam a iniciativa dos EUAComo no Afeganistão, o MI6 mudou o nome da «Frente Unida Islâmica para a Salvação do Afeganistão» para «Aliança do Norte», a fim de obter o apoio da opinião pública ocidental para essa «resistência contra os Taliban», da mesma forma o MI6 em Mianmar renomeou o «Movimento pela Fé» para «Exército de Libertação dos Rohingyas de Arakan». Nos dois casos, é preciso fazer desaparecer qualquer menção aos Irmãos Muçulmanos.

Em Agosto de 2017, Londres lançou o Exército de Salvação dos Rohingya de Arakan, contra o governo birmanês. Por um mês, a opinião pública internacional inundou informações truncadas, atribuindo o êxodo dos Royinghas muçulmanos de Mianmar para Bengala aos abusos do exército budista birmanês. Trata-se de lançar a segunda fase da guerra de civilizações: depois do ataque dos muçulmanos contra os cristãos, o dos budistas contra os muçulmanos. No entanto, a operação foi interrompida quando a Arábia Saudita cessou o seu apoio ao Exército de Salvação Rohingya, com sede em Meca. [7]

Três dias antes dos ataques au Sri Lanka, o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita envia um telegrama secreto para a sua embaixada em Colombo. Ordenou-lhe que confinasse o máximo possível todo o seu pessoal durante três dias e o proibisse absolutamente de frequentar os locais que seriam destruídos pelos ataques (fonte: Alahed News).

Em última análise, os Estados Unidos, Irão e o Iraque expulsam o Daesh do Iraque, enquanto a Síria e a Rússia o expulsa da Síria. Uma grande operação foi então organizada pelo Daesh no Sri Lanka por ocasião do feriado cristão da Páscoa, 21 de Abril de 2019, matando 258 pessoas e ferindo 496.

A restauração do califado, imaginada em 1928 por Hassan el-Banna, havia sido tentada pelo presidente Anouar el-Sadat (militar e político egípcio, presidente do seu país de 1970 a 1981-Ndt) para seu benefício pessoal, o que lhe custou a vida. Em última análise, foi realizado pelo Daesh, mas terminou num fracasso. A resistência das populações árabes foi muito forte e a oposição do presidente Trump não permitiu que a experiência continuasse.

Ainda não é possível saber se o Emirado Islâmico recebeu o mandato do Guia para se autoproclamar o Califado ou se aproveitou do apoio ocidental para o fazer. De qualquer forma, os jihadistas não vão parar por aí.

 

[1] « John McCain, le chef d’orchestre du “printemps arabe”, et le Calife », par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 18 août 2014.

[2] “Israeli general says al Qaeda’s Syria fighters set up in Turkey”, Dan Williams, Reuters, January 29, 2014.

[3] Document Onu S/2016/94. « Rapport de Renseignement russe », Réseau Voltaire, 29 janvier 2016.

[4] « Jihadisme et industrie pétrolière », par Thierry Meyssan, Al-Watan (Syrie) , Réseau Voltaire, 23 juin 2014.

[5] “Hacked Emails Link Turkish Minister to Illicit Oil”, Ahmed Yayla, World Policy, October 17, 2016.

[6] Document Onu S/2016/298. « Rapport de Renseignement russe sur le trafic d’antiquités de Daesh », Réseau Voltaire, 8 mars 2016.

[7] « L’islam politique contre la Chine », par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 3 octobre 2017.

continua…

 

 

 

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