Quando em 2003, a imprensa dos EUA começou a falar da «teoria do caos», a Casa Branca respondeu com a utilização do termo «caos construtivo», sugerindo que as estruturas da opressão deveriam ser destruídas, para que vida pudesse evoluir sem restrição. Mas nem Leo Strauss nem o Pentágono tinham usado essa expressão até então. Pelo contrário, de acordo com eles, o caos tinha de atingir um tal nível que nenhuma estrutura pudesse ser construída sem a vontade do criador da nova ordem, por outras palavras, dos Estados-Membros [3].
O princípio desta doutrina estratégica pode ser resumido da seguinte forma – a maneira mais simples para pilhar os recursos naturais de um país durante um longo período não é ocupar o alvo, mas sim destruir o Estado. Sem Estado, não há exército. Sem nenhum exército inimigo, não há risco de derrota. Assim, o objectivo estratégico do exército dos EUA e da aliança que controla, a ONU, é exclusivamente a destruição de Estados. O que acontece então às populações em causa não é um problema de Washington.
Tal projecto é inconcebível para os europeus que, desde a guerra civil britânica, foram convencidos por Thomas Hobbes’ Leviathan de que é necessário abrir mão de certas liberdades, até mesmo aceitar um Estado tirânico, para evitar que o caos se implante.
A União Europeia nega a sua cumplicidade nos crimes dos EUA
As guerras no Afeganistão e no Iraque já custaram a vida a 4 milhões de pessoas [4]. Elas foram apresentadas ao Conselho de Segurança como contra-ataques necessários e empreendidos em «legítima defesa», mas hoje já se aceita, que as guerras foram planeadas muito antes do 11 de Setembro, num contexto muito mais amplo da «remodelação do Médio Oriente alargado», e em que as razões dadas para o lançamento delas não passaram de propaganda.
Hoje, é do senso comum, reconhecer os genocídios cometidos pelo colonialismo europeu, mas raros são aqueles que aceitaram o valor de 4 milhões de mortos, apesar dos estudos científicos que atestam a sua precisão. É porque os nossos pais eram «maus», mas nós somos «bons» e como tal não podemos ser cúmplices desses horrores.
É prática comum escarnecer dos pobres alemães que mantiveram a sua confiança nos seus líderes nazis até o fim, e que só souberam dos crimes cometidos em seu nome após a derrota do seu país. Mas nós estamos a fazer exactamente o mesmo. Mantemos a nossa confiança no nosso «irmão mais velho», e não queremos saber dos crimes em que estamos implicados. Nossas filhos, por sua vez, irão certamente também rir de nós.
Os erros de interpretação da União Europeia
Nenhum líder da Europa Ocidental, absolutamente nenhum, teve a coragem de expressar publicamente que os refugiados do Iraque, Síria, Líbia, Corno de África, Nigéria e Mali não estão a fugir das ditaduras, mas sim do caos que nós deliberadamente, embora inconscientemente, gerámos nos seus países.
Nenhum líder da Europa Ocidental, absolutamente nenhum, teve a coragem de expressar publicamente que os ataques «islâmicos» que estão a afectar a Europa, não são uma extensão das guerras do «Médio Médio Alargado», mas sim dirigidas por aqueles que também colocaram o caos na região.
Preferimos continuar a acreditar que os «islamistas» estão a atacar judeus e cristãos, apesar da grande maioria das suas vítimas não serem judeus nem cristãos, mas sim muçulmanos. Calmamente acusamo-los de promoverem a «guerra das civilizações», embora este conceito tenha sido desenvolvido pelo Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, e que permanece alheio à sua cultura [5].
Nenhum líder da Europa Ocidental, absolutamente nenhum, teve a coragem de expressar publicamente que a próxima etapa será a «islamização» do mercado de drogas, segundo o modelo dos Contras da Nicarágua, que vendiam drogas para a comunidade negra da Califórnia com a ajuda e sob as ordens da CIA [6]. Decidimos ignorar o facto da família Karzai ter tomado a distribuição da heroína afegã à máfia kosovar e a encaminhou para o Daesh [7].
A Sub-Secretária de Estado, Victoria Nuland e o embaixador dos EUA em Kiev, Geoffrey R. Pyatt. Num telefonema revelado pelos partidários da legalidade, disse-lhe «A União Europeia que se foda» (citação).
Os Estados Unidos nunca quiseram que a Ucrânia aderisse à União
As academias militares da União Europeia nunca estudaram a «teoria do caos» porque foram impedidos de o fazer. Os poucos professores e investigadores que correram o risco de explorar este território foram fortemente sancionados, enquanto a imprensa qualifica os autores civis que mostram interesse no assunto de «conspiradores».
Os políticos da União Europeia pensam que os acontecimentos da Praça Maidan foram espontâneos e que os manifestantes queriam deixar a órbita da Rússia autoritária e entrar para o seio da União celeste. Eles ficaram admirados quando os comentários da Sub-Secretário de Estado, Victoria Nuland, foram publicados, quando descobriram que ela falou do seu controle secreto dos eventos, e expressou o desejo de que «a União se fodesse» (sic) [8].
A partir desse momento, a Europa não foi capaz de compreender o que estava a acontecer.
Se a Europa tivesse permitido a investigação livre nos seus Estados membros, teria entendido que ao intervir na Ucrânia e organizar a «mudança de regime», os Estados Unidos iriam assegurar que a União Europeia se mantivesse ao seu serviço. O grande medo de Washington, é que após o discurso de Vladimir Putin na Conferência de Segurança de Munique, em 2007, a Alemanha percebesse os seus verdadeiros interesses – não com Washington, mas com Moscovo [9].
Ao progressivamente destruírem o Estado ucraniano, os Estados Unidos cortaram a principal via de comunicação entre a União Europeia e a Rússia. Pode olhar para a sucessão dos eventos de qualquer ângulo, mas não vai encontrar nenhuma outra explicação lógica. Washington não quer que Ucrânia adira à União, como foi demonstrado pelo comentário da Madame Nuland. O seu único objectivo é transformar este território numa zona de perigosa circulação.
8 de Maio de 2007 (aniversário da queda do regime nazi alemão), em Ternopol (Ucrânia Ocidental), grupos de nazis e islamitas criaram a chamada frente anti imperialista para lutarem contra a Rússia. Organizações da Lituânia, Polónia, Ucrânia e Rússia também participaram, incluindo islâmicos separatistas da Crimeia, Adyguea, Daguestão, Ingouchia, Kabardino-Balkaria, Karatchaïevo-Tcherkessia, Ossétia e Tchetchenia. Dokka Umarov bloqueado por sanções internacionais, pediu que a sua contribuição fosse lida. A Frente é presidida por Dmytro Yarosh, que hoje é um conselheiro do Ministério ucraniano da defesa.
Os planos militares dos Estados Unidos
Então agora somos confrontados com dois problemas que estão a desenvolver-se muito rapidamente – os ataques «islâmicos» apenas começaram e as migrações por todo o Mediterrâneo triplicaram num só ano.
Se a minha análise estiver correta, ao longo da próxima década vamos ver mais ataques «islâmicos» ligados a todo o Médio Oriente e África, e duplicarão os ataques «Nazis» ligados à Ucrânia. Então, iremos descobrir que a Al Qaeda e os nazis ucranianos estiveram sempre ligados desde a sua criação comum, em 2007, da Ternopol (Ucrânia).
Na realidade, os avós de ambos conheceram-se na Segunda Guerra Mundial. Os nazis, na época, recrutaram muçulmanos soviéticos para a luta contra Moscovo (era o plano de Gerhard von Mende do Ministério para os Territórios Ocupados do Leste).
No final da guerra, ambas as organizações foram recuperadas pela CIA (programa de Frank Wisner com o AmComLib e Comissão Americana para a Libertação dos Povos da Rússia), com o fim de levar a cabo as operações de sabotagem na URSS.
As migrações por todo o Mediterrâneo, que no momento permanecem como um problema humanitário (200.000 pessoas em 2014), continuam a aumentar ao ponto de se tornar um sério problema económico. As recentes decisões da União para irem afundar os barcos dos traficantes de drogas da Líbia não vai servir para diminuir as migrações, mas sim justificar novas operações militares destinadas a manter o estado de caos na Líbia, em vez de resolverem o problema.
Tudo isto vai causar problemas sérios na União Europeia, que hoje parece ser um refúgio de paz. Está fora de questão para Washington destruir já este mercado que ainda considera indispensável, mas quer garantir que a Europa nunca mais vai entrar em concorrência com ela, daí o desejo de limitar o seu desenvolvimento.
Em 1991, o pai Bush perguntou a um dos discípulos de Leo Strauss, Paul Wolfowitz (ainda desconhecido para o público em geral), para elaborar uma estratégia para a era pós-soviética. A «Doutrina Wolfowitz» explica que a garantia da supremacia dos Estados Unidos sobre o resto do mundo exigia a contenção da União Europeia [10].
Boas 😉
Um exemplo claro e evidente de que somos um União de Covardes está personificada no animal Hollande na sua visita a Cuba!
Continua tudo na mesma!
E por falar na em “tudo na mesma”… Por acaso vais votar nas presidenciais de 2016?
Be 😎
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Ainda não decidi. Mas se votar não vai ser nos partidos do arco de governação.
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Eu acho que vou gastar a minha “excepção à regra”* e caso continue a verificar que o Paulo de Morais se mantém no nível que tem mantido e avança, estouro a minha última participação no circo votando nele…
*Pois não voto há muitos anos… E caso o meu voto conte para eleger este bacano pelo menos RIR a bom RIR será coisa que não vai faltar!
Be 😎
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Durante alguns anos tb não votei. Mas mudei de opinião.
Sim, não desgosto do Paulo Morais, embora o meu descrédito nos políticos seja grande.
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